Confesso que o fim de semana foi dificil. O motivo: dar demasiada importância ao que dizem os outros. E achar que ninguém gosta de mim. Mistura explosiva: achar que alguém disse mal de mim a toda a gente. Tipo teoria da conspiração...

No Sábado resolvi que estava a mais no Mundo, então tomei calmantes e álcool etílico com água. Claro que o resultado foram 8 horas no hospital e uma lavagem ao estômago, coisa horrível.
No Domingo sim, estive bem. Acordei exactamente com a mesma sensação de angústia sufocante, tentei apanhar ar, tentei distrair-me, mas mal fiquei sozinha resolvi acabar com a angustia com a minha nova melhor amiga lâmina, cortar o braço e escrever algo qu quero ser para sempre com sangue. A marca vai permanecer aqui, e pelo menos no meu braço nunca deixaei de o ser...

Segunda feira. Como no Sábado o médico que estava de serviço na urgência por acaso era o meu, tive que falar com ele. E só agora comecei a perceber algumas coisas... Acho que hoje foi o primeiro dia do resto da minha vida.

Resumidamente, entre os meus gritos e lágrimas, o psiquiatra diss-me que eu tenho que ser responsável pelos meus actos. Dito assim parece muito vago, mas o facto é que eu arrajo sempre factores externos para justificar os meus actos e forma de pensar. Na verdade, se nos oferecem um chocolate, se o comemos e não devíamos, a culpa não é de quem nos deu! É nossa.... E com tudo na vida é assim.

Depois da conversa lembrei-me de várias situações em que isso aconteceu. E agora, apesar de ser um processo lento, em que uma linha de pensmento seguida durante toda a vida tem que ser contrariada, já percebi porque é que a cura não está em qualquer medicamento, mas sim em MIM! E comecei a perceber como treinar o pensamento...agora o tempo e a continuação do apoio da equipa multi disciplinar que me ajuda diariamente farão o resto....vejo uma luz no fundo do túnel! Finalmente!


PHI


...giving up the fight...!

Phi

Passou-se uma semana. Descobri que sei pintar, pintei dois quadros e uma peça de madeira. Descobri que afinal não deixei de ter talento, pois foi elogiada pela minha voz na actividade de karaoke. Houve mais acrtividades, coordenação motora - aí descobri que ainda me conseguia divertir, a dançar - e o mais impostante, senti-me util. Ajudei uma colega na criação de um blogue, para que possa vender as suas próprias peças em malha, depois de ter tido um problema de saúde que a impede de trabalhar. Coisas más a apontar:voltei a cortar-me num dia de desespero. No entanto a psiquiatra disse que não devo sentir-me culpada, pois é a minha ansiedade qu o faz, e não eu. Disse que ainda m estão a conhecer e não sabm o que tenho, mas que isso normalmente é mais importante para os médicos do que para nós, mas que mal soubesse me dizia. Entretanto perguntou se não me importava de dar uma entrevista, com um outro psiquiatra, com uma câmara que dava para uma sala onde estaria ela e internos, para que pudessem estudar o meu caso. Aceitei, foi como uma consulta normal. Mas sendo o médico uma pessoa daquelas que nos consegue fazer rir nas piores alturas, não custou nada, ainda disse umas piadas pelo meio, e fui elogiada pela minha "prestação". Fali com os dois psiquiatras que me seguem três vezes esta semana, espero que em breve me digam, plo menos, um nome de uma doença, definitivamente. Só isso me deixaria mais descansada. O resto depois logo se veria. Hoje é Sábado. Tenhp muito medo dos fins de semana. Acabo de ter uma crise de choro vinda do nada. Estava a ouvir o Eternety do Robbie Williams e desatei num ptanto convulsivo durante uma hora! Depois escrevi este poema (será que o posso chamar assim?)

Digo ser livre, Aprisionada dentro de mim própria Numa angústia que não tem cara, Que não tem braços, que não tem som Mas abraça-me e prende-me, Com um ar assustador, Que me aterroriza e prende Numa imensa teia de dor Essa dor, que grita, num tom ensurdecedor "Não tens amor, não há amor" Que me olha bem nos olhos e diz "Não tens valor"! Vivo livre, sim. Posso ir ao fim do mundo,mas para quê? Dentro de mim levo sempre A mesma raiva de não sei de quê... Talvez seja falta de amor próprio O que me afasta do amor Talvez me odeie,ou odeie a vida, E não suporte ser querida Talvez ame a vida, talvez me ame, Me dê toda a alguém, Para depois de algum tempo Voltar a sentir-me ninguém. E as lágrimas? Essas caem. Por vezes em silêncio. Por vezes com um som agonizante, Mas caem, e não param de cair, para fora ou para dentro de mim... Tento livrar-me desta prisão Que é a minha liberdade, Da dura sensação de insegurança, De medo, de ingenuidade Esta sede de viver Vontade de voar alto E não sair do lugar, Só chorar, chorar, chorar Magoa-me por dentro,e, se não choro, magoa-me por fora também. Não gosto de ser quem sou Não gosto de ser ninguém!



Na verdade acho que não faz muito sentido, mas neste momento, nada o faz... Obrigada ao Autocarro copa D por me lembrar da importância do PHI! Deu-me um pouquinho mais de força.. Beijinhos e abraços, Phi

Cheguei a medo. Não sabia ao que ia ou quem me ia receber.
Entrei, e na primeira porta onde vi um rosto amável, disse "Olá, bom dia, este é o meu 1º dia..." ao que recebi em resposta "É a Sofia?". Senti-me mais segura. Era  a enfermeira Luísa. Uma senhora que nasceu para estar ali. Sempre sorridente e com uma paciência incrível. 


Dos outros pacientes, conheci a Liliana, que estava eufórica, pois de tarde iriam ao estádio do Dragão, e a duas Anas. Foram elas que me fizeram companhia na sala de leitura, enquanto esperávamos pela 1ª actividade: o relaxamento. Soube que a Liliana tinha tido um esgotamento, pois trabalhava 12 horas numa residencial. Uma das Anas já lá tinha estado várias vezes. Sofria de anorexia, bulimia e depressão. Mas já lhe tinham dito que estava prestes a ter alta. A outra Ana tinha dificuldades em falar e locomover-se. Percebi que tinha uma depressão, mas não percebi se foi por isso que ficou assim.


Entretanto, chegada a hora da terapia, fui chamada pela enfermeira Luísa para falar com ela e com a assistente social. Não faria o relaxamento naquele dia. Numa sala então, munidas de um maço de folhas, foram fazendo perguntas. Perguntas simples, e perguntas que faziam doer a alma. Mas contei tudo. A única forma de nos livrarmos de fantasmas é aprender a falar sobre eles sem medos. E foi o que fiz. Disseram logo que aquela era só a primeira vez e que ia ter que falar muito enquanto lá estivesse, por isso que me preparasse.


Quando saí, conheci as instalações. Havia uma sala de convívio, uma sala com jogos e computadores, a sala de actividades, um pequeno barzinho, a sala da pintura e trabalhos manuais, a cozinha, onde cada dia um de nós era responsável por fazer um bolo, uma sala com bilhar e matrecos, e um jardim, grande, onde havia uma estufa onde nós éramos responsáveis pela manutenção das plantas. Era linda!


Conversei um pouco sobre Luanda com um enfermeiro, enquanto a enfermeira Luísa tomava café, e depois fiz horas para o almoço. Preenchi uma ficha sobre a terapia ocupacional, com as actividades que gostava mais e menos, e almocei, Basicamente só comi uma laranja, não me sentia à vontade ali...


Depois do almoço disseram que eu podia ir embora, porque não ia acontecer nada de tarde, iam todos ao Estádio do Dragão.

  E foi assim que ma manhã pareceu incrivelmente longa....


Phi

Criei este blog porque estou numa siuação para a qual penso não estar preparada.
Tudo começou há um ano. Diversos factores desencadearam uma depressão, que eu achei que conseguia conrolar perfeitamente. Como tal, ia indo à psicóloga, de vez em quando não me apetecia porque achava que estava bem e não ia, deixei de tomar os medicamentos só porque sim....enfim, uma série de medidas " inteligentes", que mais tarde ou mais cedo me levavam ao fundo do buraco outra vez. Depois lá voltava a socorrer-me da psicóloga, até me sentir melhor e assim por diante.


Um dia apanhei um susto. Nada a ver com a depressão, mas ia tendo uma paragem cardiaca. Estive internada e quando saí do hospital saí decidida a ter uma vida nova. Muita ideias e projectos, afinal a vida podia acabar a qualquer instante...tudo era cor de rosa!



De repente, no meui de tanto cor de rosa surge um buraco negro. A cortisona fez-me engordar, e eu tenho pânico a engordar. A minha cara parecia uma lua cheia e só me apetecia esconder em casa para ninguém me ver. Deixei de fazer as coisas que gostava, afastei-me dos meus amigos, comecei a ter crises de choro e de ansiedade, alterações de humor e uma angustia tão grande que resolvi que, fazendo cortes na minha pele, de alguma forma, me aliviava. Isso e bater em mim própria, mas os cortes no braço, a visão do sangue era o maior alivio de todos.


Depois comecei a ter noites agitadas em que não percebo se ouvia vozes acordada ou a dormir, em que acordava angustiada a chorar, em que tinha pânico de ser abandonada. Comecei a achar que dizia coisas que na realidade não dizia. E comecei também a ficar apavorada! Estaria louca????


Foi então que procurei uma psiquiatra. E só numa consulta, pelo meu relato, ela disse que eu ficava no hospital de dia. Mostrou-mo. Era um local de internamento para doenes que não precisavam de acompanhamento durante a noite. Isso deu cabo de mim! 

Mas depois de reflectir e ouvir quem estava a minha volta, descobri que era uma oporunidade, ia ter profissionais de saude 24h comigo, terapia ocupacional, e era a unica forma de eu voltar a ser eu. A pessoa de quem sinto saudades, e que neste momento sou incapaz de ser. E eis como fui parar a hospital de dia...


Phi